"O CANSAÇO PÓS COMBATE" (Pr. Reinaldo Ribeiro)
Quando
observo as páginas da Bíblia sou fortemente inspirado por histórias de vida e
de fé que causam grande impacto em minha própria vida. Tem sido assim desde o
dia 23 de setembro de 1988, quando aprouve ao Espírito Santo de Deus me
convencer do pecado, da justiça e do juízo, atraindo meu coração perdido e
depravado para o perdão salvador de Cristo Jesus, meu Senhor!
Dentre
essas muitas histórias, destaco a do apóstolo Paulo. Sem que eu percebesse, eu via este homem quase como um super herói. À primeira
vista, parecia-me um homem invulnerável, superior às circunstâncias que o
afrontam e até mesmo rodeado por uma espécie de bolha de impecabilidade. Eu enxergava Paulo
como um homem forte, a ponto de quase não me aperceber de sua humanidade.
Mas, de repente, mergulhando nas páginas sagradas das Escrituras, me deparo com uma outra face desse herói bíblico por mim idealizado. O apóstolo Paulo se dirigindo aos coríntios e afirmando que veio até eles em fraqueza, em temor e em grande tremor. Isso me fez pensar como um homem como ele temeria alguma coisa? Como um combatente como Paulo sentiria fraqueza? Por que Paulo vem aos coríntios tremendo?
Confesso que este foi um intenso exercício para mim, porque no meio de reflexões diversas sobre esse texto, eu só consegui chegar a uma conclusão. Fraqueza, temor e tremor, são ingredientes essenciais para se viver diante de Deus!
Poucas pessoas sabem o que é de fato a fraqueza. Eu era uma delas. Mas em dias em que abro os olhos nos primeiros sinais da aurora e me vejo assaltado pelo desejo de que ainda fosse o princípio da noite, descubro o que seja tal coisa. Nos dias em que a saliva destila fel e os passos almejam seguir para trás. Dias em que a solidão é tão concreta que me vejo na possibilidade de tocá-la com as próprias mãos e sentir sua superfície gélida. Dias em que as saudades das pessoas que amo fratura cada um de meus ossos e sinto um desejo incontrolável de desistir de tudo e fugir do mundo. Dias em que me sinto cravejado em todas as minhas células pelos dardos da inveja, do antagonismo, da traição, da indiferença, do julgamento cruel e da insuportável sensação de abandono. Dias em que o sofrimento causado pelas perdas parece arrancar pedaços de minha alma. Dias em que minhas habilidades valem menos que trapos esfarrapados. Dias em que o maior de todos os desafios é simplesmente levantar e viver. Há dias, em que me sinto assim. Cansado de amar, de perdoar, de fingir que não sou perseguido, de esperar retorno, de ignorar minhas fragilidades, de lutar nas trincheiras de minha Missão. Dias de cansaço pelo acúmulo dos combates!
A fraqueza é percebida quando não podemos mudar as coisas que nos perturbam, quando eu olho pra Deus e enxergo a minha inutilidade e inoperância perto de sua imensa e fulgurosa glória. Assim, só me resta buscar forças no Autor da vida, no Ser Todo Poderoso que reúne condições de me fortalecer, porque como o próprio apóstolo colocou com imensa sabedoria, a única forma de ser forte e poderoso no reino é quando nos encontramos extremamente dependentes de Deus. Somente assim posso viver a linda verdade de que "Quando estou fraco é que sou forte." (2 Co 12:10)
O temor era aquilo que os irmãos veterotestamentários chamavam de princípio da sabedoria. Eu traduziria da seguinte forma: O temor é a marca do adorador e o remédio do guerreiro. Porque quem adora vive em arrependimento. Quem adora teme a Deus por conhecer o Seu poder e o Seu caráter. Não é medo, é temor. Não é pavor, é temor. É a apropriação do que está escrito: “Sede fortes, e revigore-se o vosso coração, vós todos que esperais no Senhor.” (Salmos 31:24)
Já o tremor é o resultado de se viver em temor. Tremo quando penso no fim dos dias, no armagedon, no julgamento dos ímpios, nas surpresas que teremos no dia do grande trono branco. Tremo quando penso que estamos vivendo a rotina, o roteiro de gerações de inutilidade e consumismo, e não estamos construindo um caminho para que novos discípulos andem por ele. Tremo quando me sinto em falta com meu Deus!
Por isso, agora percebo que o grande herói Paulo, era na verdade apenas um homem como eu. Cheio de fraquezas, de inseguranças e de humanidades interiores incontornáveis. Resta-me ainda aprender a viver minhas dores como ele viveu as suas e em meio a todo esse cansaço pós combate, repetir suas sábias palavras:
“De todos os lados somos pressionados, mas não desanimados; ficamos perplexos, mas não desesperados.” (2 Coríntios 4:8)
Parabéns!Esse texto é muito emocionante e comovente!Por que é uma grande constatação da nossa dependência benéfica de Nosso Deus!
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