REFLEXÕES NATALINAS - Tema 01 - Natal: comemorar ou não? (Pr. Reinaldo Ribeiro)

 


Nestes tempos estranhos e difíceis que vivemos, o conflito parece ter se tornado a regra de um padrão de sabedoria no mínimo confuso e bizarro. Contestar, mesmo sem sólidas bases, tornou-se o politicamente correto para as mentalidades sequestradas pelo modismo da pseudo intelectualidade pós moderna. Por essa razão, as redes sociais estão repletas de manifestações afogadas no obscurantismo do ódio e qualquer fala pautada na discordância arrasta multidões de mentes vazias prontas para dar ressonância a qualquer discurso que fuja do lugar comum.

Tal realidade não surpreende sendo prática comum para aqueles que vivem distantes de Deus, mas quando temos a mesma conduta se reproduzindo entre cristãos, alguns inclusive com relevante papel de liderança eclesiástica, vê-se o grave e agudo estágio em que o problema se encontra. O natal, como tema, é um claro exemplo disso.

Quando criança, adolescente e nas duas primeiras décadas de fé em Cristo jamais presenciei qualquer debate acalorado e nunca vi ou ouvi falar de um pregador subir num púlpito ou publicar algo com a finalidade de atacar as festividades de Natal. Hoje estranhamente, essa parece ser a atitude predominante. Uma breve pesquisa na web elimina qualquer dúvida.

É fato inegável que Jesus não nasceu em 25 de dezembro, como também é inegável que este dia possui origem pagã e está relacionado com as antigas festivides em homenagem ao demônio Mitra, nas quais eram comuns orgias e sacrifícios infantis. Semelhantemente ninguém em seu senso normal fecharia os olhos para o fato de que o Natal caiu nas malhas do consumismo, tendo sua mensagem distorcida e soterrada pela voracidade capitalista e o interesse humano.

Apesar disso, lembremos que os grandes reformadores do século XVI e dos seguintes celebraram o Natal com muito fervor e alegria. Tal como estes notáveis homens de Deus eu também celebro o Natal apesar de saber que não se conhece exatamente o dia do nascimento de Jesus. Para mim pouco importa a data, mas sim a celebração e o sagrado fato de o Filho de Deus ter se feito carne e vindo até nós. Não nos esqueçamos que este acontecimento foi anunciado por muitos profetas desde o princípio do mundo. É um dos assuntos mais abordados no Antigo Testamento. O próprio Deus anunciou este dia quando disse que o Messias viria da semente da mulher. Gn 3.15. Creio que o cumprimento de uma profecia de tão grande dimensão deve ser celebrado com alegria.

O argumento da origem pagã para negar a celebração natalina não me convence e até gera suspeitas. É no mínimo estranho que alguns cristãos neguem o direito de se ter um dia separado para comemorarmos o maior acontecimento da História, mas não abrem mão de comemorar seus próprios aniversários. Talvez não saibam ou finjam não saber que comemorações baseadas em datas de nascimento é uma prática que também surgiu no terreno pagão. Em verdade, a grande maioria das ações humanas mais comuns são resultantes de costumes pagãos antigos e nem por isso são erradicados ou demonizados. É impressionante que este argumento seja validado apenas para promover ataques às festas natalinas.

Desta feita, eu afirmo que a grande maioria dos cristãos considera esta data de grande relevância e enorme significado. Embora a Bíblia não faça menção ao Natal, ela nos apresenta os motivos da celebração, inclusive evidenciando que o próprio Deus fez questão de transformar aquela noite em uma grande festa, com direito a coral de anjos e estrelas cintilantes, bem como declarações orgulhosas sobre seu filho. Se o próprio Deus celebrou com tamanho entusiasmo o nascimento de seu unigênito, não devemos também celebrar uma data que nos traz à memória o nascimento de nosso Salvador?

Nenhum autêntico cristão celebra o natal pensando em Mitra e nenhum verdadeiro servo de Deus permite-se sucumbir aos apelos consumistas desta data. Se tirarmos Jesus do Natal, realmente não sobra nada para celebrar. Mas este não é o caso, pois Jesus é definitivamente o nosso Natal. É inegável que nesta data, as pessoas se tornam um pouco melhores, mais sensíveis, mais abertas para ouvir a pregação do evangelho, generosas e emotivas, mais suscetíveis a pedir e dar perdão. Visitamos parentes distantes, sentimos saudades dos amigos, somos cordiais com quem não conhecemos, trocamos elogios, abraços e carinhos, é uma época em que tendemos a pensar nas pessoas que nos cercam antes de pensarmos em nós mesmos. Tudo isso baseados no grande ato de amor demonstrado numa estrebaria de Belém, nunca em possíveis ritos pagãos perdidos nos séculos.

O cristianismo é uma religião baseada em fé, e fé pura em Cristo Jesus. Fé que ele nasceu, fé que só ele pode transformar a vida do homem e isso independe da data de seu nascimento. O fato de que apenas a lembrança de sua chegada ao mundo, tão presente nesta data, muda a forma de agir e pensar da maioria das pessoas, é a prova real e definitiva que o menino Deus é realmente poderoso, capaz de suplantar toda e qualquer falsa divindade pagã, pois dele é toda a glória e para ele se destina todo louvor.

“O povo que andava nas trevas viu uma grande luz” (Isaías 9,1). Ainda hoje, existem muitos que caminham nas trevas do pecado, e Jesus deseja iluminá-los por meio de nós. Tenhamos a coragem de testemunhar o amor de Deus a partir dos pequenos acontecimentos e das escolhas do nosso dia a dia. É esse o tempo favorável para uma vida nova! A luz brilhou em meio às trevas, veio reacender a esperança e nos dar a certeza de que já não estamos sozinhos. Deus está conosco, Ele é o Emanuel! Sua luz nos contagia e aquece, por isso, abramos nossos corações e tenhamos a coragem de sermos faróis no mundo, levando, com a nossa vida, a luz que é Cristo, aos corações sedentos de amor e paz.

 

Assim, celebraremos o Natal, a festa verdadeira da Luz!

 

Pr. Reinaldo Ribeiro

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