HÁ BASE BÍBLICA PARA A EXISTÊNCIA DE DANÇAS E COREOGRAFIAS NOS CULTOS EVANGÉLICOS? (Pr. Reinaldo Ribeiro)
Pergunta
enviada por Guilherme Genaro Pandovinni – Jundiaí (SP)
Pr.
Reinaldo hoje em dia praticamente todas as igrejas evangélicas possuem
ministério de danças e usam coreografias nas liturgias dos cultos. Eu gostaria
de conhecer a sua opinião a esse respeito.
Resposta:
Prezado
irmão Guilherme, graça e paz. Obrigado pela mensagem e pela confiança em nos
trazer a presente questão. Quem me conhece de perto sabe que há décadas eu
combato essa prática, tanto em meus escritos, quanto nos púlpitos. Sugiro ao
amado pesquisar em nossos acervos e ler alguns artigos mais extensos e
detalhados, nos quais apresento minha defesa teológica em combate a esta
perigosa heresia. Mas, em respeito a você e a todos os nossos leitores
interessados pelo tema, farei aqui uma breve síntese do que penso a respeito.
Não
existe no Novo Testamento uma ordenança sobre a dança sendo utilizada como
elemento litúrgico. Neste detalhe já é possível criar grandes dúvidas acerca
desta prática, pois como vamos aplicar supostas práticas do Antigo Testamento à
nossa vida se não olharmos o cumprimento no Novo?
Ao
longo da História, a dança nunca esteve presente na liturgia das igrejas
cristãs. No Brasil, também não víamos isso há alguns anos. Mas, a influência
secular, utilizada como instrumento de sedução sobretudo dos nossos jovens,
introduziu e alastrou entre nós os chamados ministérios de coreografias,
primeiramente entre igrejas pentecostais e neopentecostais (originalmente em
regiões com forte influência do candomblé – religiosidade afro fortemente
dançante) e hoje, para o nosso lamento, até mesmo em muitas igrejas históricas
e conservadoras. Mesmo cientes do absurdo, alguns pastores temerosos de
sofrerem a rejeição de suas ovelhas, consentem essa prática sob o falso
argumento de ser uma suposta estratégia evangelística.
Com
certeza, como sempre, alguns irão fazer o seguinte questionamento, "mas Miriam
dançou", sim, mas não foi no culto, a dança existia no Antigo Testamento,
e era diferente da forma que se entende hoje. Miriam não fez coreografias. A
dança no Antigo Testamento, diferente do que muitos bailarinos gospel pensam,
não era usada como elemento litúrgico, mas como forma de celebração, se tratando
de uma questão cultural (Cf. Ex 32.19; Jz 11.34; 21.21; 1 Sm 30.16; Jó 21.11;
Ec 3.4; Jr 31.4; Mc 6.22; Ex 15.20; 2 Sm
6.14). Podemos até dizer que existia dança nem alguns santuários no Antigo
Testamento, mas isso ocorria apenas nos cultos pagãos (1 Rs 18.26).
Já
outros apelam para os Salmos 150:4 e 149:3, nos quais algumas traduções
apresentam a palavra dança. Entretanto, quando estudamos a fundo os originais,
descobrimos que muitas versões traduzem a palavra hebraica מחול
(machowl) presente em Salmos 150.4 d e outra forma. A Almeida Revista e
Corrigida (ARC), por exemplo, traduz por flauta, esse mesmo texto. Isso
acontece por causa da presença de uma variante textual. Vendo esse detalhe fica
claro que o salmista está enumerando uma lista de instrumentos, e não
especificamente uma ordenança para a criação de grupos de dança na adoração ao
Senhor. O mesmo ocorre também em Salmos 149:3, na Almeida Revista Atualizada
(ARA) a mesma palavra hebraica מחול (machowl) é traduzida
por flauta, se referindo a um instrumento e não à dança no santuário.
Muitos
usam versos isolados da Palavra de Deus na tentativa vã de apoiar o que ela não
afirma. Do jeito que a dança é propagada e defendida hoje, fica a impressão de
que há várias passagens bíblicas que a apoiam. Porém, não existe sequer um versículo
nos mandando ou nos autorizando a dançar na casa de Deus! No Novo Testamento
não há nenhum incentivo à sua introdução no culto.
Sendo,
portanto, a coreografia uma invenção humana pós moderna, introduzida nos cultos
cristãos apenas no fim da segunda metade do século XX e não possuindo o menor
respaldo bíblico que lhe apoie, eu particularmente não reconheço a legitimidade
dos chamados ministérios de danças e no exercício de meu ministério tenho me
proposto a combater esta prática que não respeita o padrão neotestamentário
para o culto e faz da Casa de Deus um circo de sensualidades.
Na
humilde expectativa de ter lhe ajudado, deixo-lhe meu mais cordial abraço.
Pr.
Reinaldo Ribeiro
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