O ARREBATAMENTO SECRETO DA IGREJA - ARGUMENTOS E DEFESA (Pr. Reinaldo Ribeiro)

 


É surpreendente a quantidade nestes tempos recentes de publicações em blogs e redes sociais que se prestam a desacreditar a histórica doutrina do Arrebatamento Secreto da Igreja do Senhor. Em geral, tais publicações não passam de cópias daquilo que vem sendo fortemente declarado por lideranças calvinistas e sua obcecada militância no mundo virtual. Seu combate ao arrebatamento secreto, também conhecido como rapto da Igreja, é resultado conveniente de uma linha escatológica de pensamento conhecida como Amilenismo (da qual discordo intensamente e que por hora não convém abordar mais profundamente), a partir do qual são gerados ataques constantes e acusações descabidas, que ameaçam uma exegese sadia do texto bíblico e lançam dúvidas nas mentes mais despreparadas.

A seguir, visando estabelecer um marco apologético em torno do Arrebatamento Secreto, com o intuito de oferecer argumentos claros e acessíveis à compreensão de qualquer nível cultural a que pertençam nossos leitores, passarei a apresentar a defesa do que creio.

 

1. O argumento da analogia com a ressurreição dos mortos: A Bíblia é análoga: ou seja, a Bíblia explica a própria Bíblia. Em João 14.3, Jesus disse: “virei outra vez e vos levarei para mim mesmo”. O termo “levar” (gr. paralambanō), aqui, denota “tomar com força” ou “raptar” (cf. Mt 2.13,14; Mc 9.2; Mt 24.40,41). A quem o Senhor Jesus fez essa promessa? Ao mundo? Não! Mas a um grupo seleto, a sua Igreja, neste caso representada pelos apóstolos. Considerando a analogia da Bíblia, não podemos ignorar o fato de que o Arrebatamento da Igreja é análogo à ressurreição da Igreja — “dentre [todos] os mortos” (Lc 20.35; Fp 3.11, gr. ek ton nekron). Comparemos 1 Tessalonicenses 4.17 com 1 Coríntios 15.50,51. Estas passagens mostram claramente que os salvos, dentre todos os vivos, irão ao encontro do Senhor, nas nuvens, em um abrir e fechar de olhos. Portanto, assim como os mortos em Cristo ressuscitarão dentre todos os mortos, os vivos salvos em Cristo serão arrebatados dentre todos os vivos.

 

2. O argumento da volta de Cristo exclusivamente para a Sua Igreja: Digo claramente que ou o Arrebatamento é secreto, ou ele não existe! Leiamos Hebreus 9.28. Nesta passagem está escrito que Cristo “aparecerá [gr. horaō, 'será visto'] segunda vez aos [pelos que] que o aguardam para a salvação”. A quem Ele aparecerá? A todos? Não! Ele será visto (cf. 1 Tm 3.16; 1 Co 15.5-8) pelos que o aguardam para a salvação — salvação em seu aspecto perfectivo —, isto é, a nossa glorificação (Rm 13.11; Fp 3.20,21). Está clara, no Novo Testamento, a distinção entre o Arrebatamento, em que somente os que esperam o Senhor para a salvação o verão, e a sua Manifestação em glória (que é um evento posterior e separado), em que todo olho o verá (cf. Ap 1.7; Zc 14.1-4). E, à luz de 1 Coríntios 15.5-8, o aparecimento secreto de Jesus à sua Igreja não representa uma novidade teológica. Após a ressurreição do Senhor, Ele foi visto exclusivamente por seus discípulos (a Igreja nascente) por um espaço de quarenta dias, sem o mundo ter qualquer participação ou ingerência nisso (At 1.3; cf. Jo 12.28,29; At 22.9). portanto erram aqueles que tentam unir os dois eventos num só. Claramente, Jesus vem primeiro arrebatar Sua Igreja, dá-se em seguida a Grande Tribulação e somente no fim desta Ele retorna com poder e grande glória para estabelecer Seu Reino Milenal numa Terra restaurada.

 

3. O argumento da própria etimologia e das melhores traduções do termo “Arrebatamento:” Em português, o verbo que dá origem à doutrina do Arrebatamento é “arrebatar”, que aparece na frase: “seremos arrebatados” (1 Ts 4.17). Em espanhol, o verbo arrebatar também consta das versões Reina-Valera e NVI, por exemplo, mas os teólogos preferiram chamar a doutrina de “el Rapto de la Iglesia”. Em inglês, embora o verbo empregado na passagem em apreço seja catch up (“tomar”), os teólogos — preferindo usar o termo oriundo do latim: raptus — chamam a doutrina de “the Rapture of the Church”. Em francês, o verbo é enlever (“remover”): “nous serons enlevés”. Daí, “l'Enlèvement de l'Eglise”. Em grego, o verbo para “arrebatar” é harpazō, que significa “tomar com força”, “raptar” (cf. Mt 13.19; Jo 6.15; 10.12,28,29; At 8.39; 23.10; 2 Co 12.2,4; Jd v. 23; Ap 12.5). Raptar, tomar com força, são termos similares a sequestro. Logo, o que a Bíblia diz é que Jesus virá buscar a sua Igreja como num sequestro, portanto, de forma secreta e abrupta.

 

4. O argumento de Atos 1:9-11 Nessa passagem encontramos a seguinte afirmação: “vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos. E, estando com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois varões vestidos de branco, os quais lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir”. Em outras palavras, assim como, na sua ascensão, somente a Igreja o viu subindo até as nuvens, no Arrebatamento somente a Igreja o verá descendo até as nuvens (1 Ts 4.16,17).

 

Mesmo reiterando que há muitos outros argumentos que detenho para sustentar o que creio, deixo de forma humilde esta resenha, com a finalidade de reafirmar que a futura volta de Cristo se dará em duas fases: O Arrebatamento Secreto da Igreja, que marcará o início da Grande Tribulação e a Volta do Senhor Jesus com poder e grande glória, que marcará o fim da Grande Tribulação.

 

Assim creio, assim defendo, mesmo respeitando posicionamentos opostos!

 

Pr. Reinaldo Ribeiro

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